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madrugada paulista

outubro 19, 2009

São 5 horas da manhã de um domingo, estou na rua pensando no que fazer depois de uma longa noite. Resolvo parar no Pedaço da Pizza da Rua Augusta, mas para minha infelicidade eles já estavam quase sem pizzas, só tinham uns dois sabores escrotos dos quais eu já nem me lembro mais.

Paro num outro restaurante, este outro é mexicano. A culinária chicana nunca me interessou muito, mas decidi comprar um taco de carne com barbecue e acabei gostando. Só haviam eu e mais um casal por lá aquela hora, e então comecei a pensar no que levava aquela loja a ficar aberta 24 horas por dia, sendo que cada taco custa cerca de 3,20 pratas, e 20 pratos por madrugada não pagariam aluguel algum.

Pego o metrô e sigo até a Imigrantes, que agora se chama Santos-Imigrantes em homenagem a esse time patético do litoral. É bastante desagradável ter que passar por uma foto gigantesca do Rei Pelé todos os dias da sua vida, principalmente porque tudo o que me vem à mente quando vejo essa figura são pílulas azuis e a Xuxa, o que é bastante deprimente.

Do metrô até meu lar são mais vinte minutos a pé, ou sete (ou menos) de ônibus, porém quando se trata de uma manhã de domingo, é provável que eu crie raízes esperando algum deles passar, sem contar que existe a possibilidade de por eu ser o único no ponto, o motorista ignorar minha pobre existência.

A Avenida Ricardo Jaffet não é um dos lugares mais agradáveis para se passear sozinho, principalmente numa hora dessas. Para melhorar minha situação, estou sem óculos, o que faz com que  qualquer coisa com mais de 2 metros à minha frente seja um mistério para mim. Arbustos e postes se tornam pessoas, sacolas de lixo se tornam pessoas agachadas, e isso tudo mexe de certa forma com minha imaginação. O vento chacoalha as plantas, os sacos plásticos voam para lá e cá, os cães de guarda latem e você acaba se sentindo em algum filme do Hitchcock ou mesmo do George A. Romero, prestes a ser atacado por alguém ou por qualquer coisa.

Quase sempre é assim, e (in)felizmente nunca diferente aconteceu, mas essa é a vida.